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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

sábado, 22 de agosto de 2009

ICABANA




iCABANA



Naquelas terras diferentes havia uma estória linda de contar. Eram tempos dos Xin’s, Han’s, Qin’s, Ming’s, Czares, Benin’s, Congos, Núbios, Monomotapas, Mandingas, Daomés e dos Oio’s, Zulus, Bantos, Bosquímanos, Hutus, Kuas, Pigmeus, Tutsis, Berberes, uff que a lista vai longa…

-Olha lá! Engoliste alguma cassete ou porventura, o disco riscou-se?

…Foi a desagradável interrupção cá da Companheira… Irra!

-Um tipo não pode divagar nas dinastias, impérios e reinados deste Universo por bocadito que seja, pois há logo quem o faça regressar á cadeira!

Kiswahili, que naquelas terras distantes desabrochasse o tal reino do iCabana!

-Nhã, nhã, nhã! Disse “Kiswahili” que é outro reino, e ela nem reparou!

Mas adiante…

Detentor de um povo em que alguns dos vitimizados combatiam seus stresses á custa de ansiolíticos, do tintol, da erva daninha, do Yoga e do Zen… e outros possuíam bravos e domesticados felídeos que, para além de caçarem ratos e fazerem “miaou”, também davam para o relax!

Era ver os garbosos donos afagando tais bichanos!



… Até que um dia chegou lá um senhor que disse:

“Não Senhor!”

“-Dor’avante, neste reinado toda a gente se desanarquiza de métodos pós-stress e toca a praticar o iCabana!”


Mas o que era isso do iCabana?

Ainda houve quem suspeitasse o ser uma nova técnica de construção de batment’s com base nas Tecnologias da Informação e da Comunicação… tipos Web… do… género… “icabana@.com”

Carregava-se na tecla e…

Óops!


Ou…

Tcharamm!


Ou assim…

*Pluf»»»

E aparecia a casinha feita…


Dizem que será um espécimen mais catita mas prontos…

Mas, infelizmente, ainda não!

O iCabana foi uma arte de relax decorativo trazida por esse senhor desde as profundas florestas tropicais da África Central!


Todos os dias, ao pequeno-almoço, á sexta, ao lanche e ao serão, aquele povo feliz, em vez de ver telenovelas e futebóis, consultar e comentar nos blogues, fazer crochet ou coser as pontas das peúgas rotas dos maridos que se desleixavam em cortar as unhas… passou a praticar a arte do iCabana!

Superior ao Zen á Meditação Transcendental ou o afagar do bichano… só mesmo o iCabana!


O iCabana era uma coisa assim…

Sem explicação!

Eram horas bem gastas a compor ramalhetes, c’até as floristas daquele reino passavam seus tempos a… passar a ferro!


Foi decretado e publicado na república que todos os funcionários do reino, a exemplo praticassem uns iCabanazitos diários!

Em todo o gabinete desde vereador a presidente, em todo o balcão de atendimento ao público, em toda a tesouraria de repartição de finanças, em todo o guichet de serviços municipalizados, em todo o autocarro do amor, e até em toda a retroescavadora… morava seu vaso de iCabana!


Esta ultima movimentando-se mui suavemente para evitar deborcar o vaso de iCabana, que originaria reacções comportamentais adversas no operador da máquina!

Até nos cafés!

Os pessoais entravam num tasco de aldeia e zás!

Dava-se com um arranjinho de iCabana!


Aquilo era melhor que um pêndulo hipnotizante!

Qual tintol ou qual futebol ou qual carapuça!

Nada chegava aos calcantes do iCabana!

Devido aos calores, por vezes os ramalhetes de iCabana murchavam antes do tempo fazendo com que os frustrados concidadãos patriarcas irrompessem furibundos em seus frescos lares, levando a que suas digníssimas esposas exibissem a confecção da sua mais recente composição de iCabana… e tal como o Mafarrico foge da Cruz, também estes violentos maridos recuavam esgazeados… caindo de calhostras… e… convinha que seus pés fossem mergulhados em pequeno recipiente de plástico e não de barro… por causa da ASAE!


Vá De Retro Satanás

- ?????????

Xiça!

Não eram os pés dos maridos, eram os pés do iCabana, carais!

Vocês não estão atentos á leitura desta treta e depois dá nisto!!!

O iCabana assentava em três distintos pauzinhos…

O pauzinho principal e dois pauzinhos secundários!

O pauzinho principal ou Atchim… apontava para o Céu… o segundo mastro, o Shoes, não podia ultrapassar dois terços da altura do Atchim, senão estava feito ó bife… o arranjinho ficava sem equilíbrio ou nexo e suas forças deixavam de actuar sobre o praticante! Ainda por cima este men tinha que se inclinar em veemência ao Aaaaaatchim!!!

Santinho!!!


-Poderá ser da alergia aos pólens!

Observou cá a atenta Companheira.

Depois… depois seguia-se a terceira estaca!

O Icai!


Ai, ai, ai, e não cai

Embora suas raízes se promiscuíssem com as restantes, esta vareta fazia oposição ás outras duas, razão para a sua instabilidade… sempre atraída pelo centro de gravidade terrestre!

Todos amarradinhos na base, a modos que a dar a impressão de serem bué da unidos, aparentando apenas um… mas só parecendo!

Depois… enchia-se tudo em seu redor com éne verbos de flores, convinha que fossem bonitas e fruto da época, senão o pessoal desconfiava da cena e stressava imediatamente!


Agora, imaginem a pachorra requisitada, para o tal povo compor estes ramalhetes… seria preferível pegar na cana, no fio, no carreto, na manga e ir dar banho á minhoca!

Ah! Pois!

Se bem se lembram… isto tudo era para combater o stress daquele povo que foi promovido a felizardo!


O pior era que, de quando em vez, o atilho que segurava o ramalhete desmanchava-se todo, deixando o iCabana completamente desarmado e desamparado… indo cada pauzinho para seu lado… e aí sim, ficava a barraca Armada!


O pessoal envolvido nestas picardias manifestava súbito nervosismo, atingindo mesmo o delirium-trémus… c’até era de um tipo ficar de “olhos em bico”!

Prontos, cá o Cidadão já está farto de magicar… por ora chega!

Há que ir tomar uma b’jeca preta bem geladinha, daquelas com bastante espuma na crista da onda!

E você faça o mesmo pois é o melhor que levamos desta vida… mas cuidado, não abuse nem transforme isso num hábito, pois o álcool é danado e agarra “agente todos”!



domingo, 16 de agosto de 2009

A CRATERA





A CRATERA



Aos pés de uma Tubucci adormecida o Cidadão enresinado e de fígado baralhado pela Via-Sacra das romarias noctívagas de Agosto, terminava a travessia da centenária Intzelista ponte rodoviária que une as Tágides margens do espelho de água, na certeza de uma caminhada algures nos planaltos talhados pela erosão das correntes ribeirinhas, dando de caras com algo contrastante á monumental ode aos Saveiros!


Bem no centro daquela rotunda, uns saquitos azuis… em plástico… cheios de… lixo!

Cheios, cheios... não…

Notava-se que os regionais canídeos já tinham dado umas espreitadelas, espalhando o conteúdo pela verde grama!


Por ventura nas redondezas haverá deficiente logística municipal de recolha de resíduos sólidos?

Não!

Em ambos os lados se alcançavam grupos de contentores… Assim sendo, qual o motivo para tal despropósito?

Apeou-se do chiante para sacar as respectivas fotos, olhando antes em redor, não andasse por’li alguém mais curioso.

Estava cá o Cidadão envolto nestes cogitares quando algo lhe roçou a nuca… virou-se, dando de caras com outro fenómeno!

Poças que é muita acção para uma só manhã!

Extensa e verde rede supressora de imagem separava cá o rapaz de uma cratera de terra revolta!

Que raio seria aquilo?

O alicerce do primeiro pilar para uma nova e tão almejada ponte?

Percorreu alguns metros em demanda de um painel, de um cartaz, ou de um qualquer quadro elucidativo da coisa, daqueles que costumam aparecer nas obras particulares com o nº de licença e de alvará… ou das obras públicas onde estão inscritos uns milhões de euros mas… népias!

Nem um sinalzinho…

Nada também não seria bem assim… avistou o amputado troço de dois postes de iluminação pública em zinco zarcão, tipos armandodaluz, e cartazes com bué da fotografias de pessoas mais ou menos sorridentes e um tanto ou quanto engravatadas… qualquer coisa relacionada com as campanhas que se avizinham…

Entretanto, surgiu um lulu vigiado por um senhor, e não fosse o animal cair na dita cratera ao alçar do pernil…o que alteraria por completo o bom ritmo desta crónica meio marada, indagou-o cá o Cidadão, apontando-lhe o buraco!

-Ò amigo… meteorito?

-Onde!? Onde?!

Exclamou o interlocutado, olhando para o Céu, socorrendo-se da mão direita como pala solar no sobrolho… pois aquilo dava a ideia de um novo monumento importado dos States, ao género de Barringer, no Arizona.


-Ganhe calma, ó amigo! È aqui em baixo… o que aconteceu por estas bandas para tão magnâmino aparato?

-Livra, que susto… olhe que ainda não tomei o comprimido para a tensão!

-Desculpe… o amigo reside por estes sítios?

-Sim… moro além…

E com um rubro queixo farto de carnes… apontou a direcção certa…

-Sabe-me explicar o que se passou por aqui…Ou lá o que foi isto?

-Ouça, não sei nem quero saber… e não me meta em problemas!

-Mas, ó senhor, não é problema nenhum!

-Não sei… e por aqui ninguém sabe!

-È secreto?

-Ou isso!

-Mas... pelos jeitos… Ena pá aquelas moças que além vêm são mesmo madrugadoras e de fazer parar o trânsito!


-Âh? Fizeram parar o trânsito sim senhor! Na semana passada, a 11 de Agosto… a partir aí das oito da manhã foi o caos!


-Ai! Sim?!

-É verdade! Espetaram com sinais luminosos vermelhos em cada uma das entradas da ponte e deu-se um monumental congestionamento!


-Sendo assim… as tipas já por cá estão há uns dias…

-E verdade! Vieram para aqui uns maquinões perturbando isto tudo, c’até carros circulavam pelo lado contrário da rotunda!


-Poderosas!

-Como a coisa se complicava… depois apareceram uns pêéssepês que conseguiram meter alguma ordem na bagunçada!

-Fantástico! Foi pena não ter estado por cá nestes dias!

-Veja bem que á hora do almoço, pararam as máquinas, pararam as obras, e os cones de sinalização continuaram cortando desnecessariamente o trânsito da rotunda e da ponte, forçando os polícias a permanecerem por aqui á torreira do Sol escaldante, pondo ordem no trânsito! Era vê-los de garrafinha de água nas mãos, limpando o suor que lhes escorria debaixo dos bonés! Uma destilação completa!

-Então as gaijas conseguiram causar assim tão grande transtorno?

-Quais gaijas??


-Aquelas tais… que ali vão e fizeram parar o trânsito!

-Ah! Mas eu não estava a falar das gaijas! Era das obras!!!

-Catano!!! Irra!

-???????

-Repare, além duas tampas de esgoto… se calhar… duas manilhas… alguma coisa a ver com o saneamento… o povo é sempre o primeiro a pagar e o último a saber…

-Por favor! Não me comprometa! Não me comprometa… quero viver a minha reforma em sossego!

-E os sacos de lixo em cima da relva da rotunda… o tipo que abandona ali aquilo, será zarolho?

-Todas as madrugadas aparecem sacos com lixo em cima da placa!

-Alguma tradição?

- Tradição? Qual tradição?... Por favor! Não me comprometa! Não me comprometa… quero viver a minha reformazinha sossegado!

-E ainda não tomou o comprimido p’rá tensão…

-Como sabe?

-Não há nada a fazer!

-Olhe que atiço-lhe o cão!


Assim terminou esta crónica com um feroz Chihuahua roçando a sua babada dentuça no calcanhar da bota cá do rapaz!