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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O BUJÃO



O BUJÃO

Naquela quente e linda tarde domingueira de Agosto, o Cidadão orientou os noventa quilos para o Àquapólis de Tubucci.

Com ele foram os Râybãns, dos que lhe confere um smail de ficar com os beiços mais espessos envoltos em élãn matador... matador, matador… á la dolce vita!

De calções havaianos até ao joelho, que dão um certo jeito, pois por estas partes não há indecências… antes pelo contrário, muito preconceito até!

E a toalha!

Para um verdadeiro macho latino, a toalha é peça fundamental, uma verdadeira bandeira de afirmação!

Ao caso, traz estampada uma sensual modelo em bikini!

Até porque nesta chafarica, o elemento feminino está quase sempre… mulheripresente


Não é que seja bem do agrado cá da Companheira… mas prontos… também não passa mesmo disto… de brincadeira e bôa disposição, pois em abono da verdade, já nos aturamos vai um quarto de século e há projectos para outro tanto!

Ora bem, cá o rapaz prostrou o seu body sobre aquele sugestivo toalhão, no areal ribeirinho ao Àquapólis… mas, catano!

Os seixos rolados deram-lhe cabo dos lombares… contrariando a máscula libido de uma bela donzela percorrendo com suas veludas mãos, a derme alheia em suaves massagens!

Olhando o espelho da brilhante superfície aquática, sua vista cruzou-se com os seus próprios pés!

Diacho!

Tinha-se esquecido de cortar as unhas!!!

Isto seria grave?

Prosseguindo…

Com a miúda de pano por baixo, deixou que o Sol lhe fizesse a fotossíntese por um bom par de horas enquanto canoas e rosinhas traçavam os reflexos de luz sobre aquelas tágides águas.

…Uma barca azul competia com esse cenário idílico de pescadores dando banho á minhoca.



E mais, a grená obra de Charters parecia distorcer-se no espaço sideral, tal era a canícula que por aquelas bandas assentava.


Os gritos das crianças, os berros das claques paternais e as ordens dos instrutores de remo que se esgaçavam por uns quantos competidores, impediam que se ouvisse o marulhar das águas em harmonia com o piar das gaivotas e o chilrear das andorinhas… um cano de esgoto a céu aberto despejava águas fecais que se iam dissolvendo na grande superfície azul, e mais adiante… não… ainda mais a jusante, na vila do Tramagal os residentes da Rua da Barca e do ex-piscatório Bairro da Lamacheira lamentando a falta de água em suas torneias… enquanto duas mamãs caminhavam a par sobre o seixal, em entusiasmada conversa acerca das agruras da vida… hum… provávelmente desconheceriam as Crónicas de um Cidadão de Abrantes, caso em que os seus sorrisos seriam diferentes…

O tempo foi definhando e o Sol atingindo o mais recôndito dos urbanos poros cá do rapazola…

Já o Astro Rei se ocultava no horizonte por detrás daquela secular e trepidante ponte rodoviária, quando cá o Cidadão resolveu erguer seu estaminé, dirigindo-se para caselas, satisfeito por uma tarde bem curtida!

Ah! Depois foi o bom e o Bonito, que é para os lados do Entroncamento… porque entrementes conseguiu uns vermelhões onde despejou uma bisnaga de Fenistil!!!


E você que está a ler estas tretas, ao momento pensará…

-Quê do bujão?

Ganhe lá calma porque a procissão ainda vai no adro e… Roma e Pavia não se fizeram num dia!

É assim, no artigo anterior isto andou a bater mal no Baralho, logo no seguinte teria que ser sobre o Bujão!

Não imaginais o quanto custa um tipo desatar p’ráqui a escrever na terceira pessoa do singular sobre assuntos que se passam na primeira pessoa!

Além do mais, tendes que merecer o desfecho desta crónica…Tá?

E…se não estiverdes a achar gracinha ao que por aqui se vai desenrolando, remeto-vos para o intróito a estas secas do caraças que reza assim:

“Um blogue que tem como objectivo, de um modo metafórico, satírico e bem disposto, denunciar situações, que ao Cidadão se lhe afigurem erradas ou desadequadas à vivência social. A sua leitura é desaconselhada a maldispostos crónicos, a cinzentões e a mentalidades quadradas.”

E se mesmo assim não vos convencestes, o melhor que tendes a fazer será transferir-vos para outra chafarica menos agoirenta!

Isto é lixado mas… c’est la vie!

Ora bem, já deveis ter reparado que surgem estrangeirismos neste reportório pela nona vez… “smail”, “body”, “Web”, á la dolce vita”, “c’est la vie”, “Râybãns”, “Charters”, “élãn” e… tudo isto porque se estudou estrangeiro técnico!

Uma semana se passou e como o homem é um animal de hábitos, razão pela qual existem alguns conventos, também cá o rapaz não deixou esse epíteto por mãos alheias… pegou em si, uma vez que a Companheira não se mete nestas aventuras e com a agravante da Gata Cristie estar prestes a parir outra ninhada, e foi para o tal local aprazível do escaldão… despiu a florida camisa de algodão com 40% de fibras sintéticas, expôs seus pêlos peitorais e pneumáticos ao Sol, descalçou as sapatilhas, estendeu a sensual toalha de estimação deitando-se com desdém e de papo para o ar sobre ela, quando despertou, exclamando sozinho e em alta voz:

“-Eia, pá! As unhas! Outra vez, as unhas!”

“-??? Porque será que as unhas hádem crescer desta forma?”

Pois… nos princípios de Setembro foi lua cheia… engraçado… não vinha á memória sobre o que se passou durante essa noite…

Prontos…

Há que consultar as caixinhas de comentários dos blogues do pessoal, a saber o que realmente se andou a fazer durante o lapso de tempo…

… Com barba de sete dias… talvez…

Adiante… e prosseguindo o monólogo sonoro:

“-Mas o que vem a ser aquilo além ao fundo?”

“-Uma motorizada no meio do rio?”

Para além dos pés cá do Cidadão, apenas avistava areia, areia, mesmo muita areia e no lugar do barquinho azul… uma motorizada?!

“-Insolações?”

E assim cá o Cidadão se surpreendeu, falando sozinho…

Agora sim! Fazia falta… o tal estetoscópio!

Hum… Há quem diga que isto nos dá antes de morrer!

-Lagarto! Lagarto! Lagarto!!!


Um grande lagarto ia atravessando o seixal… em direcção ao aqueduto!

!!ii! Que horror!

Reparando melhor…

“-Quê da água? Maré baixa???”

Só um fiozinho lá bem ao fundo que até o Tejo parecia uma ribeira!

Assim cá o Cidadão se ergueu arreliado de todo e arrumando seus haveres, foi-se em demandas não sabe bem de quê!

Entretanto, algures no meio da ramagem junto àquele canudo canelado, a Gervásia e o Vultão tentavam dar cumprimento ao estabelecido pelo nosso Aníbal numa derradeira tentativa de contribuírem para o aumento populacional… o Vultão, encavalitado no dorso da Gervásia, já tinha transposto as preliminares e passava á fase seguinte, bicando a nuca da desgraçada… exclamando entre manhosos gloteares:

-Oh! Querida! Oooh! Querida!

Ao que a Gervásia, em grande êxtase retorquiu:

-Aaaahh! Que «~«~«~gooOzo!

Neste ponto da situação, o Vultão aborrecido de todo, desmontou-se de cima do alvo manto dela, e em danado glotear… vociferou:

-Ai, e ainda estás a gozar??? Vai mas é gozar com outro que sou um cegonho de muito respeito!


Enquanto o Vultão senhor do seu bico, se elevava majestosamente desaparecendo no horizonte celestial, talvez de onde avistasse a barquinha azul, esperançado em não apanhar com um bago de chumbo perdido pois tinha aberto a caça eleitoral, havendo alguns passarões feridos devido a fogo cruzado!

Notem bem ao que estes passarões se prestariam durante a venatória época!

O que nos vale é que o povão não enxergaria népias disto…

Ah!

E a incompreendida Gervásia por ali ficou toda esparramada, de plumas revoltas e asa estendida grudada ao solo!

Coitada da Gervásia!

Percorridas umas centenas de metros de calhaus, e como se de deserto não se tratasse, cá o rapaz deu com um senhor de tez morena e enrugada pelas agruras da vida…

-Ó senhor! Por amor de Deus! Mas o que se passou aqui?

-Abriram o bujão e esvaziaram isto tudo…


Cá está o bujão repararam?

O quê? Qual era o nono estrangeirismo?

“Bikini”


-Para limpezas… é?

-Não. Dizem que é para consertarem a barrage!


-A barragem do Fratel?

-Não senhor… é para arranjarem aquela coisa ali adiante que não deixa passar o peixe!

-O miúdo ou o graúdo?

-O graúdo passa sempre!

-As comportas e passagens para o peixe?

-Não senhor! Bem se vê que o senhor também não entende nada!

-Mas aquilo já está estragado… é?


-Sei lá! Dizem que é por causa da garantia da borracha, senhor!

-Ah! Por causa da borracha…

-Sim senhor!

-Mas assim a borracha não presta para nada! Não chegou a durar dois anos e o pessoal já anda de volta das comportas… se calhar foram compradas na loja dos trezentos!

-O amigo… não acerta uma! As “comportas” é isso encarnado atrás de si!

-Pois estas torres…


-Dizem que são comportas e passages!

-Para que servem?

-Olhe, para estarem aí!

-Pa’starem aqui a fazer o quê?

-Para estarem de pé!

-Mas, porquê… de pé?

-É que se estivessem tombadas, não acha que ocupariam mais espaço?

-Sim, mas qual a utilidade disto?

-Vêem-se ao longe e fazem sombra! Dizem os sábios que são para chamar gente!

-Fazem sombra se o Céu estiver limpo! Mas não se vê por aqui ninguém!

-Isso é da continuidade…

-Da continuidade?

-Sim. Até anda por aí uma religião a distribuir folhetos com essas explicações todas! Aquilo até tem uma imagem como a dos apóstolos… mas são nove em vez de doze! E dizem que querem continuar com estes projectos!

-Modernices…

-Pelo menos dizem a verdade!

-Afinal qual deles é que escolhia?

-Olhe, amigo, eles são todos bons quando querem para lá ir e depois de se apanharem no poleiro, são todos iguais! Não andemos atentos e vai ver se não nos fazem como ao açude!

-Como assim?

Ou você ainda não percebeu isso?

-Ah! Pois!

-Na pintura de Leonardo da Vinci, a figura sentada á direita de Cristo parece ser uma mulher… mas nesta religião a mulher é que parece passar pela figura central!

-Anda tudo trocado!

-Até a oração é esquisita! …

-Não compreendo…

-Ainda não compreende? Querem continuar a esbanjar os nossos impostos em obras de Santa Engrácia! Você já reparou na utilidade do campo de Basebol? Meia dúzia de rapazes que aparecem por lá duas vezes ao ano a dar umas tacadas… e desaparecem!

-Ah!

-Puseram aqui um açude com tanta manutenção que nem sei onde vão ao carcanhol para as despesas! Você já pensou nisso? Ao fim de ano e meio é o que se vê, daqui a dois anos a mesma coisa, até que caia no esquecimento… e qual o benefício que já tirámos daquilo? Nenhum! Mais vale alimentar burros a pão-de-ló!

-Como os muros do jardim do Castelo… por lá continuam esquecidos… as estradas e ruas degradadas das aldeias, as etares inoperacionais libertando fedores nauseabundos…

-E um pobre diabo a arrotar pessegueiro á bruta! Isso é o que me lixa! Um tipo quer viver um bocadito mais desafogado e não o deixam!!! Carregam o galho com taxas, tarifas e impostos que não são brinquedo nenhum e no fim vai-se a ver, estragam nisto!

Vamos a ver e acaba-se por misturarem as águas fecais e saponárias com as pluviais ali no subsolo do Condoal, de onde vem um cheiro que não se pode! E depois, para onde vai aquilo tudo? Não me saberá dizer? Dizem que não há verba para as necessidades básicas das populações.

-Pois… quer dizer que por este ano a praia foi-se!

-Acabou-se… também não é bem assim… lá para o Outono volta a encher!

-Ah, enche, enche! Mas estava cá a pensar na borrachinha… há borrachinhas que duram bastante mais…

-Dos preservativos… por exemplo, têm mais duração!

-Com funções diferentes!

-Olhe que também não será bem assim… onde julga que estes tipos vão ao dinheiro?

-Pois… não entendo a associação…

-Atão, umas ou outras acabam no mesmo serviço… não concorda?

-Você tem “espírito de contradição!”

-Acha?! Tenho que ir á Benta!

-Quem é essa tipa?

-Não meta água, homem!!! Não é uma tipa qualquer… não senhor! É uma mulher que nos afasta os maus-olhados e os espíritos malignos!


-Ah!