.

.

Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A MAMOA



 A MAMOA

...Tendo lido umas coisitas interessantes na Agenda Cultural e Desportiva nº 0410Abril2010 da câmara municipal de Abrantes, não conseguindo antecipar-se àquelas gentes que houveram realizado uma visita com bué da alma integrada nas comemorações do IGESPAR..., embora tarde e a más horas, curioso e ansioso sobre o raio do esquema, a este praça veio-lhe a idéia de visitar a mamoa da Aldeia do Mato... 
Frustração! Perdera o autocarro dos cinquenta lugares... mas como “aquilo” esperara pacientemente durante milhares de anos pela visita cá do Cidadão abt, não seria por uns diazecos a mais que abalaria dali...
Adiante...
Naquela aziada tarde descalçou as tamanquinhas e, envergando a t-shirt negra de estimação com a Senhora de Fátima estampada nos peitorais, lenço vermelho decorado a cornucópias enrolado ao pescoço, a digital no bolso interior do blusão...calça de ganga roçada, botins mexicanos afivelados ao tornozelo, capacete amarelo de nuca em cabedal ajustado ao queixo, cavalgando a indomável Z-2, meteu-se ao encalço da mamoa.
E porquê, viajar na Coty? Porque houvera lido algures que nas ruas de Rio de Moinhos o trânsito era caótico, apertado, qual segunda circular em hora de ponta, e assim melhor se esgueiraria da confusão enlatada! Transposto o busílis da questão e Pucariça dentro, a máquina cumpridora das limitações de velocidade impostas por lei foi papando quilómetros, lentamente, rumo á albufeira... subindo a derradeira recta num matraquear turbo lento, vendo este rapazola jeitos de se apear para auxiliar a FAMEL no sucesso da sua missão, se bem quando transpôs a Cruz da Aldeia e daí em diante conferindo alívio ao segmento pela generosa ladeira abaixo... deparando-se com uma senhora engalochada, que se dedicava ás lides da lavoura, tentando domar couves, alfaces e repolhos... Parou, sossegou o cilindro e questionou:

-Minha senhora... boas tardes...

-Boa tardi...

-Desculpe-me interromper-lhe o trabalho... a senhora sabe-me indicar onde fica a mamoa?


“nossa senhora disse disse que enquanto o gavião da videira subisse que não dormisse que não dormisse”

(.......................................)

“nossa senhora disse disse que enquanto o gavião da videira subisse que não dormisse que não dormisse”

(....................................)

“nossa senhora disse disse que enquanto o gavião da videira subisse que não dormisse que não dormisse”

(....................................)

 ...O chilreio do rouxinol fazia-se notar na vegetação rasteira...
Erguendo um tronco arqueado pelo peso dos anos, a senhora arredou o lenço em tons de cinza e azul que lhe prendia os suores do rosto e os cabelos ondulados, malhados de branco... com a mão direita encrespando-se no cabo do sacho que a amparava...

-Repita lá, qui nã percebi bêim...

-Perguntava se por aqui perto não haverá uma mamoa...

-Aíí que me aparece cum cada turista... o sinhor está a brincar ou quêi???

-Não minha senhora... ando á procura dum lugar onde fica uma mamoa!!!

Nesta altura cá o Cidadão apercebeu-se de que algo não lhe corria de feição pois as pálpebras da senhora dilatavam-se, escorrendo-lhe suspeitos suores pelo rosto...
Com gestos lentos, este praça desafivelou o penico amarelo, repousando-o sobre o mostrador do conta-quilómetros...

-Donde é que você vêim?

-De Abrantes...

-Lá d’onde vocêi anda não há mamoas???

-Repare... minha senhora, a mamoa é assim... como direi...um monte de pedras e terra que protegem um túmulo proto-histórico... um mammulas... em formas arredondadas...

-Ai sim? Atão nã quer lá veri c’as mamoas é que dão os mamões?

-Não... o que dá mamões são os mamoeiros... ou as papaieiras que dão as papaias... são a mesma coisa...

-Oiça cá! Na praça de Abrantis, vocêi não acha por lá mamoas e mamões?

-Não minha senhora... é que a praça fechou...

-Fechou??? Atão...agora... como a praça fechou vocêi veio p’ra cá á cata das mamoas... nã éi assim?

-A mamoa é um monumento...


-Têim que vir pr’áqui desassossegar agenti? Um monumento não éi? Olhe que o respeitinho é muito bonito!

-Não minha senhora... uma mamoa é... é...

-Ó sinhori! Desapareça da minha vista canão dou-lhe com o sacholo pela testa!

-A mamoa é uma coisa muuuito antiga...

-Antiga??? Como assim? Vá chamar velha a outra!

-A senhora não me está a entender... a mamoa é...

-Ó home! Vêim cá depressa que está aqui um bandido a gozar c’agenti! Anda á procura de uma mamoa!... Vêi lá tú beîm este desgraçado!

Que remédio teve o Cidadão senão raspar-se dali para fora concluindo que para procurar uma mamoa terá de o fazer engrupido, caso contrário correrá certos e determinados riscos...
Sendo a mamoa proto-histórica, já o mamão não é bem assim...
O mamão, fruto exótico, encontra-se com maior facilidade nos mercados diários... Este não brota da mamoa mas de um vegetal dos trópicos, o mamoeiro!
Poupando o pedal de arranque, montou a Z-2 que nunca tinha sido tão útil como agora, embalando-a ladeira abaixo, entrando na Aldeia do Mato...
Parou frente a um muro caiado, apeando-se... Descansou o capacete amarelo sobre o retrovisor esquerdo da Coty dirigindo-se a uma zona mais recolhida onde soava um vozeiral tertúliano... Uma tasca... talvez...

-“E... mamoua!”

Foi o que ouviu, vindo de dentro!
Ora, mamoa”! Cá temos!
O Cidadão chegava na hora exacta e ao sítio certo... Ali falava-se da mamoa...Era o que procurava! Entrou, sem antes ter arredado as fitas mosquiteiras... e ao tropeçar no filho da p*#a do degrau... descaindo abruptamente, viu jeitos de torcer um artelho...

- Merda” ‘ ! :«

Fôra á cara podre... Porque raio todas as tascas teriam um degrau a descer para o interior?...Uma fresquidão e o aroma intenso a tintol invadiam os cantos do interior escuro... Fora necessário afinar as vistas...Meia dúzia de homens com rude aspecto, tez queimada pelo Sol e mãos calejadas do cabo da enxada olhavam o Cidadão, desfeitos em silêncios... qual colónia de pardais chilreantes que perdem o pio perante a presença do intruso... Esta entrada houvera sido um tanto ou quanto... coxa...

-(.................................)

-Boas tardes...

Lançou, firme...

-Boas tardes, senhor...

Sobre o balcão corrido, taças de ¼ mediam forças entre si, numa correnteza de tintol que lhes entornava as medidas...

-Um café, por favor...

Só o rubicundo taberneiro de rosto vermelhão houvera respondido á saudação que, de olhar desconfiado foi rodando o manípulo do cimbalino... as bolhas de café caíam lentas, uma após outra, lambendo a alva boquinha da chávena estreita... com o aroma da cafeína a desafiar o trave da uva fermentada...

-...E... disse-lhi... ou mudas de vidãã, arranjas trabalho... e portas-te como um homêzinhu... ou largããs a minha neta da mãu qui não é carni para dêntis de gandulús! Se o pai dela não o fizeri, sou eu quem ti vai dári cabo dos ossus!

-Toma! E mamou-a!

-É verdadi! Mamou-a, e ainda mamãã com uns sopapos nas ventas si nãu simportari com juízo! Aquele moinanti!

-Olha o lorpa, heim?

-Desculpem interromper... ando á procura de um monumento antigo... uma coisa assim... bom...uma anta...

E com a linguagem gestual, este praça tentou representar o monumento...

-Uma manta? E pra qui vossemecêi queri uma manta, com o calori que faz?

-Não... um dólmen...

-Ah! Você précure o pitrolêro que ele costuma trazeri dessas coisas na carrinhã! Cobertoris, colchãns, toalhêtis! Dólménis!Tem uns todos vêrdis e outros camuflos! Aquelis da tropa, sabi?

-É caçadori?

“Caramba! C’a ganda salganhada...”

Pensou cá o Cidadão...

-Não é isso, senhores! É uma mamoa!

-??????

-!!!!

-?!?!?!

Os rostos incrédulos transfiguraram-se em algo menos amistoso...

- O hómi esteve maséi a ouviri a nossa conversa lá fora!

-Prontos. Está fêito! É advogado!... Querem lá ver?

-Pois éi !!! Nãéquémêsmu?

-Não sou advogado, não senhor! Ando a fazer uma pesquisa para colocar um artigo da Internet! E... e... queria tirar umas fotos do local que procuro!

-Ah! Préguntã um locáli...

-Atão expliquesse milhor do que quer dagente!

Enquanto que o primeiro, baixo e farto de carnes, aparentava sessenta anos, este mais alto, sardento e cabelo de cenoura, devia ser tipo para os trintas...

-Procuro uma mamoa!!! È um monumento proto-histórico...

-Oooh! Pááá! Monumentos desses é que não há por aqui... Você vá masé ao Kikas em Santarém, que encontra muitas mamonas...

-Está calado, pá! O hóme nã precura mamonas! O hóme quer uma mamoooa! Nã percebêsteis???

Alvitrou outro freguês pensativo, coçando o queixo envolto em barba de três dias... Entretanto cá o Cidadão, pacientemente, voltou á carga...

-Ora bem... a ver se nos entendemos... a mamoa é um conjunto de pedras grandes, tipo lajes em pé, com outras a servirem de tecto... e um espaço por baixo, onde antigamente sepultavam os mortos...

-Já sei! As pedras encavaladas!

Mastigando àvidamente, atirou um quinto indivíduo que, de olhar profundo, tez malhada, cabelos compridos e apanhados, barba farta, ostentando um brinco dourado, pólo azul claro, ganga velha e sandálias de camurça, com a lâmina da navalha subjugada sob o grosso polegar, esquartejava um pequeno queijo de cabra, assistindo atentamente ao diálogo de surdos!

-Cavalonas??? Outra pôrrããã???

Exclamou o “cenoura”...

-Cavalona era a tua tia, pá! As pedras encavaladas são aquelas rochas ali em cima, na Jogada!

-Ah! Isso ai?

-Ah!

‘ ‘’-Aaaaahh!’’ ‘

Exclamação geral!

-Dessas mamoas como você diz, temos por cá muitas!

-Nã pode lá seri!!! Mamonas cavalonããs?

-Tú a dárlhi e aburráfugiri!

-Umas... mais bem conservadas que outras... Umas maiores e outras mais piquênas...

-Hummm, ondi é quistão essas gaijas vá-se lá sabêri!!!

-Oh! Ti Zé! Na Jogada estão logo duas! No Vale de Chãos há outra! E...e... no Alqueidão, em Martinchel, mais uma! Ali... no Vale dos Tórizes, outra... e no Vale da Amarela... está outra dessas. Na barreira da Vergeira está mais uma... ainda quer mais?

-Poçãns! Já mo podias tere dito há uma data de tempú! Anda práqui um hómi á bôa vidããã!!!

-Nos Tórizis? Não éi naquilo do Sapatinhãã!

-Não! No Sapatinha, é a Vergeira!

-Isso é na torre, pá!

-Pois é! Essas estão entre a escola e a torre de vigia!

-Por aqui há assim tantos vestígios megalíticos?

-Resta saber a qual é que quer ir agora!

-Pode ser a que estiver mais perto... e maior... para lhe tirar umas fotos.

-O hómi é magâânuu...

-Atão olhe... senhor... venha aqui fora... Você desce a ladeira... e lá em baixo, junto á casa do Ti-Tanquêro volta á dirêta...

Todos saíram da tasca vencendo aquele degrau traiçoeiro, com as fitas mosquiteiras fustigando a tertúlia... Entre o casario, desceram um pequeno declive, alargando os horizontes a Oeste...

-Oh,pááá! O home sábi lá agora onde fica a casa do Ti-Tanquêro! Éis burrófázisti! Não éi á drêêêta! Éi á isquêêrdã!

-Prontos! Onde encontrar o sinal do parque náutico, volta aí á dirêta!

- Nã éi á drêta! Éi á isquêêrdããã, porrããn!


-Prontos! É á isquêrda! Desce, desce sempre, e despois sobe, sobe, sobe a ladêra até ao cimo do Vale da Vinha, e, na incruziládãã da Zambujêra vira á sua isquerdã, sempre num caminho de terra batidã.... Aí há-de ver a Aldeia do Mato mais abaixo! Passa por um picoto á sua dirêta...

-Oh! Pá! O senhor sabe lá onde fica o Vale da Vinha!

-Á isquêrda, não! Olha qui éi á drêta... porrãã!

-Pois... É isso... À isquerda... não... á...á... dirêta, anda mais um pôco, pára aí o jipi e desce a pé um carrêrito... sempre na direcção d’aqui... anda p’ráí uns cêim metros e logo vêi as pedras encavaladas umas nas ôtrããs!

-Obrigado... A ver se dou com a coisa...

-Está a vêri alêim adianti no cimo da encosta? Os eucalitros mais ali... e despois os pinheiritos aléim adianti?

O cicerone descrevia o percuso sinuoso apontando com o indicador enquanto a palma da mão esquerda lhe protegia as vistas da luminosidade solar!

-Sim... estou a conseguir...

-Ólhi... é meismo aquilo! Até se vêi daqui... aquelas pedras aléim no arto, abaixo dos pinhêros!!


-Ó senhori! Se quiser, até posso ir indicar-lhe o caminho! Onde tem o jipi?

-É aquela moto...

-O quèi? Aquilo aléim encostado ao muro das festas?

-Pois... Qual é o problema? Heim?

Questionou cá o Cidadão, amparando calmamente a chama do isqueiro a petróleo, acendendo um Marlboro suspenso dos lábios... Encenação que treinara vezes sem conta e funcionaria lindamente se assentasse as nalgas no selim da máquina laranja! Mas como estava a alguma distância... foi-se dirigindo nessa direcção com a horda tertuliana na sua peúgada...

-Senhor! Senhor! Esqueceu-se de pagar o café!

Era o taberneiro espavorido de todo, no encalço do Cidadão pois com o conversório este praça esquecera-se de pagar a conta!

-Eiiia, pois foi!!! Desculpe lá... quanto é?

-São cinquenta cêntimos, por favor!

-Tome... desculpe... não foi por mal!

-Vamos lá a entenderi, pá! Afinal vocêis ou estão a enganar o hómi... ou mestão enganado a mim... Há lá garinas agora, éi ? O hómi está mesmu com uma fézádãã de lhes dári!

-Está calado, não sabis o que dizis! O homem anda á procura das pedras encavaladas!


-Pode lá sêri uma coisa dessããs!!! Anda lá agora á procura de barrôcos! Vocêis éi qui nã perceberam. O maganú... anda á procura de gaijas bôuas! Ou vocêzes julgam que eu sou tonto?

-És desconfiado! Tá calado que o homem é sério!

-Eli pode enganari a vocêzes mas a mim é que não mingãna...Ora essãã! Hein?

-Vamos a mais uma rodada?

-Esta, pagas tú!

-Pago eu... o tanas! É a vez do Maneli se chegar ádianti!

Colocando o capacete amarelo e a Z-2 em marcha, o Cidadão partiu em demandas da mamoa...
Primeiro desceu, desceu... desceu bastante o estradão vertiginoso, deixando para trás meia dúzia de almas com olhares apreensivos e muitas dúvidas misturadas em inflamada discussão. Não fosse o caso o motor Zundapp-2 arriscar-se a dar o “peido mestre” na subida que se armou mais adiante ou ficar por um trambolhão naqueles terrenos traçados de valas por tudo quanto era sítio... cá estava o cruzamento da Zambujeira... voltar á direita... o picoto... mais adiante... catano! Ao fundo da ravina, á esquerda... era o Vale Manso!!! Devia ser ali mais ou menos... Parar, desligar o motor efervescente... e apear-se foi um truz... Ah! Ganda Coty!
Mas vestígios da mamoa... nem vê-los... a não ser que...
As flores das estevas tinham as pétalas inferiores derrubadas... apanhada uma... e duas... ainda o aroma... Ah.... Fôra há poucos dias... reparando melhor... as pétalas caídas formavam uma carreirinha, descendo encosta abaixo como que por artes mágicas, indicando o caminho... alguém por ali tinha passado há escasso tempo... pelos jeitos, o terreno espezinhado...era muita gente... olá... lenços de papel... gente que não está habituada a estas andanças... um pouco mais e vento... um pouco mais de sol... uns gravanejos... os pólenes e aí está... pruridos nasais... espirros... gente urbana... ali havia maior concentração de resíduos... papéis de chocolates... caixas de lenços... o grupo parou por ali durante muito tempo... ora bem... galhas partidas... descendendo um pouco mais...
Que linda paisagem!
Os urbanos são uns poluidores do camandro! Um saco preso no tronco do pinheiro seco... sem vestígios de poeira... coisa recente...de gente sem cuidado... a natureza que se lixe... o respeito pelo meio ambiente é prosápia... coisa chique, óptima para conversa de café...Vai-se a ver e na prática dá neste triste resultado...mas c’a gandas barrocos... vestígios de preservativos, népias... o local era de acesso difícil aos casais... do mal o menos...
Entre estevas e pinheiros... do meio do nada, um afloramento granítico... onde se viu uma coisa assim... Oito metros de diâmetro... pouco mais ou menos... e aquilo? Dois baldes verdes, enredados...talvez...para os pássaros se alimentarem evitando a destruição pelos mamíferos... coelhos... madeixas de cabelo... Magia negra? É isso! Para afastar os javalis!
Os barrocos... como é que se colocariam nestas posições... empilhados uns nos outros... é que nem de propósito...Aquele mais elevado evoca um menhir... só com intervenção humana seria possível...
Parecem formar cavidades... abrigos para os humanos... talvez... Pedrinhas miúdas em redor.... Algum ritual... Tá-se mesmo a ver... Tá-se, tá-se...Se deborcam por ali abaixo... só param na albufeira... isto parece pedra lascada... trabalhada...
Aaaahh!
eureeeKa!
!!!A mamoa!
Houvera descoberto a mamoa!

Tiradas as fotos e satisfeita a curiosidade, este rapaz colocou o capacete amarelo, galgou a Coty, deu ao pedal de arranque, engrenou a primeira velocidade e avançou para Abrantes... o Sol repousava por detrás da Serra de Aire...até lá chegar havia que aquecer o segmento da Famel... sentira um rato no estômago... e a sensação do dever cumprido naquela tarde diferente... onde houvera descoberto a mamoa...
Em Abrantes, aguardavam-no outros frutos... bem conservados, lustrosos e com bôa apresentação... caros se pesados ao quilo... Custam-nos os olhos da cara... os mamões, claro!
Como tereis topado, foi um post excessivamente vegetariano!

13 comentários:

TZ disse...

Bom post! Fiquei a saber donde ir a mamoar :)

Artur :) disse...

O inconfundível e bem disposto Cidadão no seu melhor jeito crítico!A certa altura afirmaria que lia uma obra de Herman Melville!Fantástica e humorada narrativa que nos prende da primeira á ultima letra!Não obstante as limitações do espaço escrito, os personagens da sua crónica estão demais e as fotos excelentemente inseridas no contexto. Foi de um prazer e alegria sem par ler esta crónica. Belíssimo trabalho.
Parabéns.

O Cidadão abt disse...

Olá, mister TZ!

Pela brevidade do seu comment's tudo "nos" leva a indicar que tivesse ficado sem palavras...
É bom saber que ainda há alguém a ler isto!!!

Obrigado pelo feed-back!

O Cidadão abt disse...

Ciberamigo Artur:

Isto de passar as vistas por muita literatura também nos pode afectar o cérebro...
Que o amigo continue a retirar prazeres destas tretas, e que este praça tenha sempre a necessária disposição para ir cronicando novas aventuras!
Obrigado pela graxa e pelos elogios que são excelentes incentivos para prosseguir, apesar do vagar ser... di.minuto... razão pela qual, só agora, tarde e a más horas, perto de 24 após os vossos bitáites, houvesse acedido ao blogue!

tiri-ri disse...

Caro Cibercidadão abt, os parabéns por este excelente post, que continua a linha definida pelo seu autor. E fico grato pelos Links.

O Cidadão abt disse...

Pois é, ciber Tiri-ri-ri...

Não há que agradecer coisa alguma.

Dentro dos parâmetros que regem este praça, linkar o seu trabalhinho é, não um dever, mas uma obrigação!
Assim você o permita, ciber Tiri-ri-ri!

:) :) :)

Desde bastante novo, dos estudos, nas lutas e nas conquistas, este Cidadão sempre erradicou os sectarismos da sua forma de viver e de estar!
É por essa razão que detesta clubites e rótulos como forma de estar.
Este praça elabora post's transversalmente aos ideais que nos norteiam, e isto é bonito, dá gosto.
No ambiente familiar acontece precisamente o mesmo.
Quão diferentes somos, quão diferentes os nossos princípios de vida, quão diferentes as nossas profissões, quão diferentes os nossos ideais... mesmo de filhos para pais, no sentido em que deveremos estar com as mentes abertas ás novas gerações, porque o futuro depende tão sómente delas.
À ceia ou nos encontros familiares, são diversas as convicções, reunidas num objectivo comum: as partilhas da vida e o são convívio!
E isto enriquece-nos!
Em suma, esta vida terrena é tão breve que terá de ser bem desfrutada... e só nos apercebemos da sua brevidade quando olhamos para trás, quando retospectivamos os nossos passados... ou olhamos por cima do ombro ao cruzarmos com um ser que ontem nasceu... e hoje, com família constituída... sendo a vida uma breve passagem, mesmo muito breve, só há que lhe resgatar o lado positivo, porque em todos os escolhos encontraremos sempre um lado positivo.. Devido ás corridas do dia a dia, muitas das vezes nós é que não o vislumbramos.

Mande sempre, novas!

Anónimo disse...

Esta história tem coisas autenticas. O seu contador é bom observador. É o ambiente, são os maneirismos de certas pessoas descritas, é a ruralidade da região. As fitas na porta do café da aldeia é que já lá não estão.

O Cidadão abt disse...

Ignorando se o comentador(a) das nove a dividir por trinta e dois, será menino ou menina, cá vão os respectivos bitáites, arriscando-se este praça em ser mandado para a outra extremidade da razão...

Qualquer semelhança dos ambientes narrados com a realidade, será pura coincidência...

¿ ¿ ¿... À excepção das mamoas, claro!

Implorando para que não se aborreça com esta resposta irresistível, mui agradecido pela vossa visita.

Aqui - Ali - Acolá disse...

Olá Caro Cidadão abt, buenos dias.

Mais uma viagem, mais uma aventura, e até com um certo perigo por lugares onde gentes desconhecidas que por vezes ficam a pensar:

Mas que raio andará por aqui a descobrir esta praça montado numa Z-2?

Bem, está tudo explicadinho aqui no post, e se dúvidas houver, então que investiguem nos livros historiais que por aqui abundam neste Blogue, logo verão a simbiose das explanadas posturas que põem as ditas dúvidas de parte.

Esta coisa da Mamoa põe certa gente com a caixa dos pirolitos um bocado à nora será?

Bem, é que há quem veja esta palavra como um fruto do Mamoeiro com casca amarela-esverdeada (fruto bem apetecível), e outeiro de cume arredondado e um monte ou monumento de origem pré-histórica.

Mas para que nesta recambolesca aventura não se fique na dúvida, as imagens ditam por si a Mamoa encontrada pelo Aventureiro Cidadão abt., pois quem quizer uma Mamoa para mamar que vá ao Supermercado que por lá encontrará, embora por vezes enganadora mas, como estamos habituados a (comer gato por lebre)
lá vem uma Mamoa disfarçada para a Sacola do Zé pagante.

Mas prontos, pondo esta observação de parte, e lendo eu esta Aventura feita na Z-2 como mostra a dita foto pergunto:

Será uma Z-2 ou uma Z-3?

Pela foto parece-me uma Z-3, ou já lhe gamaram uma mudança com um assalto (dos que por aí abundam em plena noite)?

Cum Catano, uma aventura assim para descobrir a Mamoa por terrenos desconhecidos e gentes com olhar de desconfiança e pau na mão para (ás vezes dar a tal arrochada da ordem) é preciso levar fato à prova de vergalhada e agilidade tipo Kun fu para escapar aos golpes vindos do além.

Mas onde é que eu já vi isto?

Claro que no meio de tal aventura para se sair ileso de tal coisa, lá ia a protectora estampada na t.shirt (Senhora de Fátima).

Bem caro Cidadão, bem pode ir a Fátima pôr uma vela na Capela da Virgem Maria por ter levado avante uma aventura destas tão perigosa e sair dela com o cabedal inteiro, pois não é pra toda a gente descobrir a Mamoa que era seu desejo bem como chegar a casa sem uma marca de marmeleiro no pêlo.

Vai lá vai, aventuras dessas (nicles batatoides) só para o Rambo, (como nos filmes que a gente vê).

Já agora uma última pergunta:

E Vossemessê não trouxe um pedaço da Mamoa para pôr no museu que por cá irá surgir?

Quero ver..., quero ver..., quero ver!..

Xau Xau - Bom fim semana e um banho quentinho nos pedantes para estarem sempre em forma.

O Cidadão abt disse...

Oh, ciberamigo Aqui-Ali-Acolá!

A das nossas aldeias, é gente fixe!

Gentes genuínas que retratam parte da nossa existência, da nossa interioridade e da identidade deste povo!
São gentes marcadas pelas agruras da vida e moldadas pelo tempo e pelos elementos da natureza, com os seus costumes, os seus hábitos e as suas convicções.
Se há coisa que este praça curte, é entrar na tasca de uma aldeia seja ela rural ou piscatória e sentir o tipicismo daqueles ambientes (embora as leis comunitárias contribuam para a sua descaracterização, com a imposição dos sintéticos e dos alumínios ou com o extermínio de determinadas gastronomias) e por outras ocasiões, poucas, pois a vida não permite polivalências, participar nas labutas do dia a dia... Enquanto os filhos partiram em busca de melhores condições de vida, estas gentes, arrancando das terras o seu sustento, aguardam ansiosamente pelas épocas festivas, pelos fins-de-semana prolongados não se esquecendo dos que, sazonalmente regressam ás origens. Evidentemente que esta ruralidade não é praticável em aglomerados urbanos que se reivindicam capitais de concelho!
Quanto a aventuras, nos dias que correm e na região onde evoluímos, se não fôssemos um pouco aventureiros... nunca geraríamos por exemplo, matéria de facto para os nossos blogues! A prova disso é a timidez e o recato de muitos leitores como potenciais comentadores... alguns comentam em circuito fechado ou por mail, outros, no café, no serviço e, contrastando com as metrópoles, são poucos os que manifestam as suas opiniões, fazendo uso do direito á liberdade de expressão! Os resultados das urnas são mais do que evidentes!
Para o ciber encontrar mamoas de mamar (mamões), necessita de se dirigir a um supermercado?
Se assim acontece consigo, deia-se por feliz, pois ele(a)s entram-nos pelo receptáculo do correio!
É mais fácil sair da sacola do zé-pagante do que entrar nela!
Então ciber, veja lá bem... com a idade da máquina acha que ainda se conservaria em Z-3?
Basta o amigo olhar por entre as rodas junto ao segmento e reparará que vai para muito tempo que o “3” já era, sobrando ”2” carretos! Duas velocidades... uma para baixo e outra para cima, já fazem um homem feliz!

:) :) :) !

Pois, pois, por vezes a Senhora de Fátima é que nos vai valendo... mas na maioria das aventuras, já nem essa senhora nos vale!
Cá o Cidadão tentou... trazer aquela mamoa...mas era grande p’ra burro!
Se tivesse dois anitos, amarrada a um baraço ainda se arrastava com jeito porquanto não seria uma mamoa mas um mamão! Mas o certo é que cresceu, cresceu, e ao fim de uns tempos já era muito difícil deslocá-la... mesmo assim, ao contrário dos outros mais velhos que jamais aprenderão a lição, estes, arrastados, continuam mamões por toda a vida porque têm a escola toda e o sistema assim lhes assiste!
Talvez sim...talvez no MIAA por lá se concentrem uma data deles, bem pesados, reforçando os da PT, da GALP, da EDP, e os dos bancos que se assenhoram das nossas carteiras e das nossas economias. Há outros discretos, que nos passam despercebidos.
São uma corja em franca expansão que chupa o sangue da manada para além dos tutanos enquanto nós, felizes, vamos aceitando!
Em conclusão, as tais mamoas que estão quedas pelos campos fora, são quem menos nos incomoda, as que nada nos preocupam e nada nos lesam, mas a coberto dessas, evoluem outras... e outros que assim já não acontece!

Obrigado pelos seus bitáies nesta caixa dos pirolitos!

Ah! A propósito! A secção interventiva do blogue Aqui-Ali-Acolá anda bastante em baixo de forma...

Anónimo disse...

Passei por aqui porque mo recomendaram. Muito bem construído. Isto está excelente! Parabéns ao autor!

O Cidadão abt disse...

Caro(a) anónimo(a) das vinte e três a dividir por vinte e cinco!

Repare que vaguear por este blogue tem riscos acrescidos!

Se curtiu as cenas aqui vertidas tem boa solução... é passar mais vezes!

Muitas e muitas mais vezes!

Se estiver aborrecido(a) com a vida, com os cachopos chatos ou com o cônjuge... se as novelas da TV não lhe despertarem o mínimo interesse... se chover lá fora... se... se...

Muitas, muitas e muitas mais vezes!

Pelo menos fará uma óptima oxigenação!

Com licença... agora há que demandar um lencito para limpar toda esta baba que escorre p´lo queixo abaixo!

Gracias pela estreia!

Aqui - Ali - Acolá disse...

Caro Cidadão abt.

Eis-me aqui de novo mas apenas para ripostar ao seu comentário no meu blogue referente ao post que lhe foi dedicado.

Nunca é demais dar-se valor aquilo que é merecido, pelo menos eu assim o faço quando para mim ele está à vista.

Tem gente que assim não o faz mesmo que saiba onde esse valor existe mas, isso já é (como diz o velho ditado) defeito ou feitio de cada pessoa.

Isto agora de repente me fez lembrar uma cena passada comigo numa consulta de Urgência no Hospital, onde eu ao queixar-me ao médico que me consultou lhe dizia o tipo de mazela que me apoquentava e lhe confessava que eu já tinha ido lá antes a outro médico e que ele ao ouvir-me nas minhas queixas chegou ao fim me perguntou:

Então o que é que vc veio cá fazer?

Caramba, ao ouvir aquilo da boca do médico quase que o mal me passou da raiva que eu fiquei com tal pergunta, pois minha vontade era agarrar-lhe pela mona e bater com ela contra a parede para ver se os neurónios dele ficavam no lugar, o homem parecia estar com uma grande Piela, pois quase que não lhe via os olhos.

Simplesmente saí porta fora onde no dia seguinte lá fui de novo a este médico do defeito ou feitio em que ao explicar-lhe o antes sucedido pelo colega dele ele me disse:

Sabe, isso é (feitio), tem muita gente assim por cá e esse tem esse feitio.

Isto é verídico, pois infelizmente quando lá caímos, por vezes apanha-se cada Macambuzio que só visto, mas isto faz parte da educação e da rasquice de certos sapateiros desta classe que por aí abundam neste país, onde quem grama sempre com falta de profissionalismo e cultura de trolhas deste género é o mexilhão.

Mas se formos a uma consulta ao consultório deles, então aí já o feitio muda, claro, o vil metal está em jogo e, (faz favor caro doente, diga de sua justiça blá, blá, blá etc. e tal), até a assistente dá um brinde no final da consulta.

Um brinde (mas atenção, quê lá isso, não pense na mamoa ok?), uma caixinha de pastilhas para a tosse, etc..

Bem, isto até já eu pensei fazer um post desta cena mas pode ser que um dia aconteça.

Agora retornando ao princípio, vejo que vc (pelo que conta) tem andado com um pé em recuperação devido ao raid que fez das desta dita brincadeira (tal como refere), isso é o chamado amor à causa, olhe que cá pelo meu lado também já apanhei bons escaldões derivado ao gosto de fazer certas coisas que para certa gente não tem valor mas, a persistência do gosto e prazer por certas facetas fazem-me esquecer certos perigos que por vezes ficam caros.

Quanto aos mimos a que se refere, isso é coisa que não tem esse nome, é sim dar valor ás obras feitas e que nos estão presentes aos nossos olhos, na época actual em que vivemos, até já é coisa rara, mas quando o espírito de combate de uma pessoa não se intimida, o valor está sempre lá.

Tal como vc diz (dos fracos não
ao reza a história) é uma grande verdade, e tal como eu também, já quantas vezes com a dor física não olhei a meios para concretizar os fins que desejei.

Temos que ser duros e firmes nas opções que a vida nos apresenta e não nos deixar-mos levar pelo comodismo, é a sina do mexilhão que por portas e travessas rasga montanhas de sofrimento para que a vida não seja uma pasmaceira porque aí, muitos a tem e que a cada dia que se levantam, logo que põem os pés no chão dizem lá para com eles:

Hoje já cá canta mais X € no bornal sem nada que fazer pela frente, o resto é conversa.

Mas prontos, as máguas que se lixem porque dia a dia umas vão outras vem e de uma forma ou outra cá estamos para as resolver.

Boas melhoras desse pé e deixe lá a cara de podre para outras coisas, rir é o melhor remédio.

Até à próxima e pronto para outra o mais rápido possível.

PS: - Já me esquecia de dizer-lhe que ao verificar bem a sua Z-2 defacto está lá bem visível por baixo do banco a indicação de Z-2.

Ás vezes quanto mais se olha menos se vê.

E esta hein!...