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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

sábado, 16 de janeiro de 2010

ZÁHÁRA




ZÁHÁRA


-Então Cidadão, agóla que cheguei é que te calastes? Também quelo óvile as estólias dos  teus sonhos!

 -Está bem...está! A formiguinha já tem catarro!

-Vês? O Pin-Gente ainda adormece pr’áqui acabando por pernoitar em nossa casa!

-Qual quê? O pessoal sossega onde se sente bem! Se isso vier a acontecer poderás considerá-lo como um elogio á nossa hospitalidade! Puxa daí a chaleira e as fatias do bolo -rei...Oh! Pá! A assistência está a aumentar... a gata Cristie, tú Companheira de mi vida, o Pin Gente, a coruja das torres que não pára de piar lá fora e... um cibernauta no outro lado da Web  a ler isto!

???

Olá, bem disposto?

!!!

Sim, Você!

“ ” ”
Pois então? Quem deveria ser?

-Deu-te para meteres conversa com as pessoas on-line? Vai-te catar e confessa-te, vamos!

Para si que aterrou de pára-quedas e não pesca patavina do que se passa nesta chafarica carregada de bitáites, cá o Cidadão tem a honra de lhe anunciar que esta treta é a continuação da saga iniciada com "El Al-Banito", resultante dum sonho nas primeiras horas da madrugada do Ano Novo, após a ingestão de razoável quantidade de “Asti” e não espumante bruto, situação que causaria constrangimento no sector feminino devido ao amargor da substância em questão... e de ter butido uns quantos destilados que não vêm á memória posto que nela se concentraram atempadamente.

-Ó Cidadão, contas a estólia, ou não?

-Cala-te, pá!

È bué da aborrecido quando se quer desabafar e não deixam, ao ser-se interrompido por meras e insignificantes razões. Evitar-se-ão descrições de situações indecorosas na medida em que estamos na presença de um menor de idade que contaria os pormenores ao poder paternal ficando cá o rapaz com fama de depravado, o que não seria abonatório para a reputação dum contador de crónicas e lavrador de sonhos, perdendo público p’ra caraças!

-Começas ou faz-se serão???

Em compasso de espera cá o Cidadão perguntou á fascinante moura encantada sobre as razões da sua aparição neste lugar de sonho ao que respondeu ter sido filha do primeiro Alcaide-Mor e protagonista de uma enorme paixão, o que não seria difícil de compreender pois cá o Cidadão já se embeiçava com tal maravilha!


-Oh! Pá! Tinhas bebido bem na passagem de ano. Por isso é que te deixaste embeiçar por essa mulherzinha! Foi dos “shot’s”! Tá-se mêmo a ver!!!

-Cala-te e deixa-me contar!!! Chiça!

“”-Ai se a apanho!...
“...Estrafego-a toda!””

-Chiiiu! Já te diiisseee! Traumatizas o Pin Gente com esses váipes desgraçados!

 Quando naquela triste e leda madrugada de 8 de Dezembro do ano da graça de 1148, D.Afonso Henriques conquistou o castelo de Líbia a seu pai Hibrahím-Zaid, esta Záhára de deslumbrante beleza alimentava o sonho de muitos homens e as realidades ao Samuel que por ela se afeiçoou, sendo oportunamente desarmado e aprisionado pelo bravo cavaleiro Machado, um dos homens leais a D.Afonso Henriques, botando-o nos confins das húmidas masmorras e tomando as rédeas da Alcaidaria desta Líbia altaneira...


por Pedro Afonso, filho bastardo de D.Afonso Henriques que por sua vez tinha destituído Hibrahím-Zaid dessas funções, apesar de lhe reconhecer os direitos patrimoniais. E porquê o cavaleiro Machado tomar a vez de Pedro Afonso? Porque o bastardo cobiçava Novas Torres onde se perdia noutras batalhas e sendo um  agarrado ás malhas do papá, debaixo dos seus elmos para lá partiu!

Visto o santo protector de Záhára estar de mãos atadas pelas tropas do Vice Alcaide-Mor, uns cavaleiros cristãos de pacotilha, autênticos labregos, embalados pelos ímpetos das batalhas, do álcool, dos saques e das satisfações pessoais, encontraram uma deixa para raptarem a miúda com intentos de a desflorarem e dela retirarem mundanos prazeres, valendo-lhe o atento cavaleiro Machado, que galopando em seu encalço a libertou das presas dos malvados e de tão vil destino... (sabe-se lá se não estariam combinados para que fosse esse, o desfecho...)


Se algures numa empena encontrardes tal azulejo, entrai e tomai café k lá tá-se bem!

-O Pin Gente não pode ouvir essas coisas...  é menor de idade!

-Mete um circulo vermelho no canto da estória! Vai!

- Onde é que arranjo uma rodela de repente e a esta hora da noite?

-Pode ser... A coroa da decoração de Natal que está pendurada na porta!

-Pois é! Nunca tinha pensado nisso...


-Seguras a coroa de braço esticado á direita da lareira... talvez funcione...

 -Vai zombar com outro!!! Tá?

O Machado que não largava a peúga dos medievais cenários da Líbia era um tipo motivado e cheio de ideias, surgindo acompanhado de Martim-Mohab-Chel, um mouro reconvertido ao Cristianismo, de um Monge Beneditino sabichão e domador de espíritos malignos, oportunamente requisitado no Mosteiro do Lorvão, ao qual Afonso Henriques de quando em vez recorria em apoio psicológico devido aos traumatismos de guerra e de uma horda de bravos guerreiros e outros monásticos.

O Beneditino seria sem dúvida um confidente de D. Afonso Henriques!
A Záhára foi-lhe confiada para que dela cuidasse e males maiores não lhe sucedessem.
Naquelas noites frias, enquanto Záhára repousava na mansão junto á ribeira de Hibrahím-Zaid, pelo assombroso castelo medieval rondavam figuras sinistras e o pio do mocho traçava o silvar da brisa nas galhas despidas das árvores iluminadas sob os feitiços da Lua... com o cavaleiro Machado padecendo de insónias por tanto matutar na miúda que não lhe saía da mente...

Liberto o Samuel, travou-se de ciumentas razões com o cavaleiro Machado pelo resgate do coração e de tudo o mais da sua amada Záhára, pois por ela esse Machado também se galou a partir do fatídico dia em que a salvou das garras dos malvados, achando-lhe parecenças á sua padroeira Senhora dos Aflitos, que a Mãe lhe tinha confiado na hora da extrema-unção, ficando fascinado pela cachopa, alheado e de cabeça á roda tal qual cá o Cidadão quando a viu em sonhos... Para o cavaleiro Machado aquela mocinha seria um anjo que lhe caíra dos Céus!

-Oh! Pá! Isso foi dos shot’s! Tinha-te avisado para não abusares das bebidas brancas!

...!!!

-É desagradável! Cá o rapaz a tentar descrever as coisas ao pormenor e sofre com estas observações da Companheira! Irra que é demais! Outros casais se divorciariam por bastante menos!!!

-Adiante! Adiante que se faz tarde!!!

Nas tormentas desta disputa o enigmático monge puxara os cordelinhos dos hábitos para o lado do Vice Alcaide-Mor... Houvera que apostar no cavalo ganhador, supunha-se á altura, só que o ditoso encerrava um maculado segredo em sua alma. As coisas foram aquecendo e enquanto ambos os pretendentes se batiam ás aldrabas das portarias era chegado o dia do resgate da mão da bela Záhára a seu pai Hibrahím-Zaid...

Vivendo angustiado com a bipolaridade da questão nos sombrios bolores da sua mansão, o velho Hibrahím optou por franquear as portas e os demais segredos de sua filha ao valente cavaleiro e Vice Alcaide-Mor Machado com a seguinte força de expressão:
“Abre antes ao Machado!”
Perante tão vil desfaçatez, Samuel louco de raivas e ciúmes partiu por esses condados fora numa atitude difamatória, quiçá desaforada Ópus-Ição, tocando sinos a rebate e gritando a dezanove pulmões:


“”Abre-antes! Abre-antes! Abre-antes! Abre-antes! Abre-antes! Abre-antes!”!””

Valeu-lhe o atento monge Beneditino que o tomou em seus braços e aposentos, exorcizando-o da desvairada loucura em que tivera mergulhado...

passando-o mais tarde para os braços de Afonso Henriques que fez dele um valoroso guerreiro, levando-o á conquista dos bastiões muçulmanos, juntando forças ao lendário mouro Martim-Mohab-Chel, que uma temporada antes teria sido útil a Afonso Henriques em manobras de diversão para que na madrugada de 15 de Março de 1147, com cento e vinte bravos comandos, num ataque relâmpago tivessem tomado de assalto as muralhas da Scallabis á mourama, recompensando-o com férteis territórios junto ao Rio Zêzere, mais tarde designados por terras de Martim-Chel, onde de cabelos negros e olhos de azeitona, brotam belas mouriscas, enquanto a linda Záhára, convertida ao Cristianismo, se desposou com Machado, tendo muitos filhos e vivido felizes para sempre!
Logo ordenaram que se construísse uma mesclagem de parque infantil e de áctividádes radikais sobranceiro ás muralhas, com cenas de freestyle, rampas de lançamento de skateboard, patins in-line e BMX, uma tabela de basketebol para que os irmãos bastardos nela pudessem praticar incestos e queimassem os lípidos acumulados duma vida sedentária de orgias de fast-food’s, uma pista de tartan para os cotas se armarem em juves, com os velhos no cimo das arcadas a morderem o esquema á malta!

YÁ!...É uma piscina sazonal para o pessoal arrefecer os rolamentos!

Duzentos côvados adiante mandaram erguer um jardim com bué da broboletas, bancos e muritos frágeis para que os filhos dos povos Bárbaros neles pudessem praticar vandalyng sem darem cabo das norças dos dedos ou das testas!

O Alcaide era um men mêmo fixe, tá?
Portanto, apesar dos Visigodos nóias terem posto a gracinha de Aurantes a estas paragens, estareis concerteza a entender como se passou a toponímicar de Abrantes!
Há outras ideias na mona, como a origem do nome residir na ribeira das terras do Vale de Hibrahím-Zaid, derivando para Vale da Abrançalha e daí para Abrantes ser um truz, ou por exemplo a cena das tropas do Afonso Henriques ralhando lá de baixo para que os muçulmanos lhes abrissem as portas do castelo ou usariam o bulldozer de serviço, com um alcaide Hibrahím-Zaid borrado de medo a responder-lhes “então abre antes”... ao  que não se afiguram mui românticas no contexto deste sonho maravilhoso e assim se tornaria desvirtuado e pr’ó desagradável!
Ai esta moura, esta moura, as coisas que nos conta, deixando-nos de cabeça na Lua!

Não!
Ainda não terminou o sonho, pois ignorais o segredo que o monge encerrava debaixo do seu hábito!
Foi a questão oportunamente colocada á Záhára pois esse episódio lendário se mantinha um bocado embrulhado.
Ao ser confrontada com a pertinência do Cidadão, no início revelou um certo embaraço mas lá se descoseu, recuando duas décadas até aos tempos em que não era gente, e aquele monástico  antes de jurar celibato se teria apaixonado por uma jovem cativa cristã lá p’rás bandas do Lorvão. Chamemos-lhe Maria Rita pois de sua graça não houvera razão! A moçoila virou costas ao João Gonçalves raspando-se a parte incerta, ao caso para estas bandas, abandonando um pretendente de coração estraçalhado pelo desgosto, motivo de sobra para que o desventurado desatasse a bramir por montes e vales:
“Foi um dia nas fontainhas
Que a vi falando com umas amigas
Atirei-lhe beijos, elas riram das gracinhas
São coisas próprias das raparigas
E eu voltei, todos os dias a procurei
E soube que ela se chamava Rita
Foi a moça mais bacana que encontrei
E tinha os cabelos presos com uma fita·
Maria Rita, Maria Rita

Eu pergunto à multidão, mas ninguém a viu passar
Maria Rita, Maria Rita
Dou uma vela a S. João se a voltar a encontrar
Quando chegou a madrugada
Ninguém sabia de nada
E eu voltei tão triste, tão triste
Que se ela soubesse voltava para me abraçar
Era noite de S. João
Toda a cidade estava iluminada
E toda a gente vinha em folia, em turbilhão
E
nessa gente vinha a minha amada
E trazia a amarrar o cabelo negro
A mesma fita da cor do céu
Com a mão atirou-me um beijo
E entre a multidão desapareceu!”

Se bem anotaram, o rapazola ficou completamente xéxé com a partida da miúda e, enquanto o Raul Indipwo e o Milo MacMahon se dedicaram á música, este men, mergulhado em profundo desaire refugiou-se nas clausuras Beneditinas.

em terras Líbias a chavala travou-se de conhecimentos e brincadeiras com um tal magnata Hibrahím-Zaid,  que depois de umas escapadelazitas com a querida na garupa do seu Enzo, que era um puro sangue mediterrânico bastante mais ágil, esguio e rasteiro do que os seus semelhantes e pachorrentos Lusitanos, ganhando vantagem quando as coisas davam para o Torto que é outra ribeira com manias de ser Rio. O magano desatou ás voltas com a miúda pela night, jantando á luz dos archotes e assim coisital, pica daqui, pica dacolá, vai daí e foi um ver se te avias... Está de se ver que algum dia o folgazão apanharia a cachopa em período fértil... não podia parar quieto com o malho e tunga! Emprenhou-a até ás orelhas!

” ”-Ól##
“rodéla!!!”
##Pá””

-“???” Mas que valente susto me pregaste com esse grito!
Catano!
Não me voltes a fazer isso, Tá? Senão o pessoal perde cá o Cidadão... que se vai desta p’ra melhor com um achaque no coração!

Foi o que aconteceu! Nove meses volvidos e mostrou-se ao mundo o fruto daqueles devaneios!

-Ó Cidadão, o que quel dizel “emplenhou-a até ás olhelhas”?

-É assim...ó nano-mini-micro-cidadão... Um senhor que deposita uma sementinha no ovinho de uma senhora e passados uns tempos vem uma cegonha de Paris com um bebézinho pendurado no bico...

-Ah! Já sei! Costumo ouvele na develisão! Os senholes que fazem essas coisas andam a bligalem, engalfinhados uns nos outros e aos glitos nos sofás, no chão, em cima da mesa e na cama, até ficalem descansados, muito felizes e tudo!Dããã!

”!!`´!!

!!!Uma barracada!
-Adiante!



Apesar da plebe desconhecer o Pai, todos saberiam de que Mãe, Samuel era filho!

Esta foto foi o melhor que se conseguiu arranjar de um indivíduo com éne parecenças ao chavalo ainda bastante novo...

-Quando é que o monge topou o esquema?

-Ora bem!

Ao esmiuçar o papá da Záhára depois do Beneditino identificar determinados maneirismos semelhantes aos da sua paixão naquela quarentona progenitora do Samuel, razão para que tanto o clérigo como Hibrahím considerassem o mancebo como seu primogénito em respeito a sua Mãe e ex-amante de ambos, sem saberem se quem tinha ficado com a fama também teria retirado proveito, embora o garçon não houvesse novas do Pai!
Imaginem a salganhada que resultaria dum incesto se Záhára e Samuel juntassem os trapinhos! Uma bronca do caraças, é o que era!
Cá temos uma razão concreta para que num casal de scolopendrum homossexualis gigantis dos chilopodae seja razoável a adopção de menor, e dois motivos para a colocação da tabela de basket num recanto da reinação!
Os tipos eram finos!

Isto foi confuso p’ra caraças e quiçá de arrepiar, dando um valente filme ou daquelas novelas que as senhoras seguem de fio a pavio, sentindo-se o ciberleitor na necessidade de verter uma lágrima sobre o teclado, como sucedeu aos desapaixonados no momento que desvendaram o enigma, mas cá o Cidadão aconselha-vos a arrecadardes a cebola e colocardes película aderente sobre os periféricos do vosso computas, pois correreis o risco de efectivamente os danificardes com cloreto de sódio.

-Olha só! O Pin Gente adormeceu!

-Pois foi! Tapa-o melhor com o cobertor e ajeita-lhe uma almofada do sofá!

-E mais umas cavaquitas no lume...

Supúnheis que iríeis satisfazer o vosso ego encontrando por aqui cenas polémicas mas, ná! Não pode ser todos os dias disso e com o Pin Gente por aqui... Compreendem, não é verdade?
Preparai-vos para a próxima, que ireis levar com umas tretas do outro mundo em “A Meiga Chuchona!”