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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A HOMENAGEM


A HOMENAGEM

 Calcularia o ciberleitor que José Alves Pimenta de Avelar Machado gostasse de farturas açucaradas, pipocas saltitantes e porras recheadas?
Fodé Baió, Fodé Baldé e Fodé Embaló!
Pois bem, quando a 14 de Junho do ano da graça de 2013, pelo nonagésimo sétimo aniversário da elevação de Abrantes a cidade cá o Cidadão se encaminhava para cerimonial de inauguração do Memorial aos Combatentes tombados nas guerras do ultramar, deparou-se com o recanto do General Avelar Machado ocupado por uma caravana que lhe abafava o protagonismo de outras eras... 
As farturas são de importância superior ao enquadramento fotográfico proporcionado aos turistas e demais veraneantes imbuídos nos meandros culturais da urbe.
De facto, se na Rua 17 de Agosto de 1808 tentarmos mirar o enquadramento, reparamos que o reboque se pespegou frente ao Edifico da Assembleia considerado ex-líbris da urbe em complemento ao busto... mas quem pode manda e quem manda, pode!
Quem teria sido o administrativo iluminado que destinou o recanto cultural ao estacionamento dum equipamento hoteleiro adequado a feiras e mercados? 
Porque não, encaixar ali outro bar comercializando kebab’s e cachorros quentes ou algo mais snob como um atrelado-estúdio  vocacionado para divulgação de expressões plásticas e afins?
para melhor leitura, clike sobre a imagem...
Sobra a ideia mas de um ou de outro modo, certamente que o General Avelar Machado se achará fadado com a sagacidade cultural destes regedores... 
Antes foi o matagal que se lhe enrolou ao pedestal e agora, pelas festas da cidade, a roullote que lhe dá farturas pelos bigodes!
Absorta com a cerimónia de inauguração da lápide em honra e memória dos abrantinos tombados nas estepes d’além mar, a presidência nem se terá apercebido da gaffe intercultural do General desprestigiado atrás duma barraca de feira!
Adiante, que ao longe toca a charanga...
A cerimónia foi linda de morrer, havendo nela uns quantos discursantes botando faladura da boa, incluindo um veterano enquanto o coronel de Cavalaria era super-escoltado por um pelotão de praças estáticos e extremamente atentos a todo o cerimonial que de vez em quando auxiliavam no toque do clarinete e nas partes gagas...
...Coronel este a quem ninguém terá escrito sobre o quanto vai penando o busto do General Avelar Machado, tendo a maioria da assistência sido composta pela brigada do reumático, resultando frias, ténues e frouxas as palminhas finais, justamente durante e após o abreviado discurso da excelentíssima senhora presidenta do município que em perfeita alusão à escuridão e claridade do Yin Yang...
...trajava de branco e negro, talvez em demanda da simbiose entre sinergias contrárias, receosa de que eventual trupe de fogosos bombeiros não ostentasse o pendão do sentimento de insegurança.
Bom...
Como o recinto estava pejado de barraquinhas de comes e bebes, suponhemos que a indumentária não tivesse consistido pura evocação aos lulus do Black & White...
Além do arranjo e duas coroas florais, àquela distância não se conseguia ver mais nada da lápide, sendo necessário aguardar pelo destroçar das tropas para que este rapaz analisasse de perto a verdadeira dimensão da extensão à carne deitada aos canhões da Primeira Grande Guerra...
As letras são de difícil visualização, ainda assim se conseguindo destrinçar os trinta e seis nomes dos infelizes para a família e Heróis da Pátria para o Estado Novo, que abandonaram a vida lá longe onde sem suspiros nem ais, a guerra os castigou demais...
Nada daquilo se compara ao monumento análogo que em Lisboa poderemos encontrar junto às muralhas do Forte do Bom Sucesso e a escassos metros da Torre de Belém, cuja perceptibilidade gráfica permite que os nomes dos combatentes sejam legíveis sem dificuldade, postulando a sua especial atenção para os títulos dos africanos guineenses que sucumbiram nas fileiras portuguesas... 
Fodé Baió, Fodé Baldé e Fodé Embaló...
"-A menina traz a carinha cheia de impíngies... há que lhe pôr penincilina..."
Dizia o padre cura durante o baptizado. 
"-Penincilina, não!!! Vai ficar Maria como a mãe!"
Respondeu o exasperado pai da criança... 
Adequemos pois este diálogo ao ambiente tropical;
"-Bu minina ta kosal, tene cara tudu caga di mandita baga-baga... Ten qui mítê mesiñú penincilina..."
Dizia o missionário comboniano durante o baptizado.
"-Ka ta mitê penincilina nada!!! Ku mitê Fodé komú mame!"    
Respondeu o exasperado pai da criança.
Tal como as Marias e os Manéis estariam para os portugueses assim os Fodés se ajustariam aos guineenses, presumindo-se pelo apelido que os bravos Fulas resultariam de ascendência muçulmana.