A HOMENAGEM
Calcularia o
ciberleitor que José Alves Pimenta de Avelar Machado
gostasse de farturas açucaradas, pipocas saltitantes e porras recheadas?
Fodé
Baió, Fodé Baldé e Fodé Embaló!
Pois
bem, quando a 14 de Junho do ano da graça de 2013, pelo nonagésimo sétimo aniversário da elevação de Abrantes a cidade cá o Cidadão
se encaminhava para cerimonial de inauguração do Memorial aos Combatentes tombados nas guerras do ultramar, deparou-se com o recanto
do General Avelar Machado ocupado por uma caravana que lhe abafava o protagonismo de outras eras...
As farturas
são de importância superior ao enquadramento fotográfico proporcionado aos turistas e
demais veraneantes imbuídos nos meandros culturais da urbe.
De
facto, se na Rua 17 de
Agosto de 1808 tentarmos mirar o enquadramento, reparamos que o reboque se pespegou frente ao Edifico da Assembleia considerado ex-líbris da urbe em complemento ao busto... mas quem pode manda e quem manda, pode!
Quem
teria sido o administrativo iluminado que destinou o recanto cultural ao estacionamento dum equipamento
hoteleiro adequado a feiras e mercados?
Porque não, encaixar ali outro bar comercializando kebab’s e cachorros quentes
ou algo mais snob como um atrelado-estúdio vocacionado para divulgação de expressões plásticas e afins?
para melhor leitura, clike sobre a imagem...
Sobra a ideia mas de um ou de outro modo, certamente que o General
Avelar Machado se achará fadado com a sagacidade cultural destes regedores...
Antes foi o matagal que se lhe
enrolou ao pedestal e agora, pelas festas da cidade, a roullote que lhe dá farturas pelos bigodes!
Absorta com a cerimónia de inauguração da lápide em honra e memória dos
abrantinos tombados nas estepes d’além mar, a presidência nem se terá apercebido da
gaffe intercultural do General desprestigiado atrás duma barraca de feira!
Adiante,
que ao longe toca a charanga...
A
cerimónia foi linda de morrer, havendo nela uns quantos discursantes botando
faladura da boa, incluindo um veterano enquanto o coronel de Cavalaria era super-escoltado por um pelotão de praças estáticos e extremamente atentos a todo o cerimonial que de vez em quando auxiliavam no toque do clarinete e nas partes gagas...
...Coronel este a
quem ninguém terá escrito sobre o quanto vai penando o busto do General Avelar Machado, tendo a maioria da assistência sido composta pela brigada do reumático, resultando frias, ténues
e frouxas as palminhas finais, justamente durante e após o abreviado discurso da excelentíssima senhora presidenta do município
que em perfeita alusão à escuridão e claridade do Yin Yang...
...trajava de branco e negro, talvez em demanda da
simbiose entre sinergias contrárias, receosa de que eventual trupe de fogosos bombeiros não ostentasse o pendão do sentimento de insegurança.
Bom...
Como
o recinto estava pejado de barraquinhas de comes e bebes, suponhemos que a indumentária não tivesse consistido pura evocação aos lulus do Black
& White...
Além do arranjo e duas coroas florais, àquela
distância não se conseguia ver mais nada da lápide, sendo necessário aguardar pelo destroçar das tropas para que
este rapaz analisasse de perto a verdadeira dimensão da extensão à carne deitada aos canhões da Primeira Grande
Guerra...
As
letras são de difícil visualização, ainda assim se conseguindo destrinçar os trinta e seis nomes dos infelizes para a família e Heróis da Pátria para o Estado Novo, que abandonaram a vida lá
longe onde sem suspiros nem ais, a guerra os castigou demais...
Nada
daquilo se compara ao monumento análogo que em Lisboa poderemos encontrar junto às muralhas do Forte do Bom Sucesso e a escassos metros da Torre de Belém, cuja perceptibilidade gráfica permite que
os nomes dos combatentes sejam legíveis sem dificuldade, postulando a sua especial atenção para os títulos dos africanos guineenses que sucumbiram nas fileiras portuguesas...
Fodé
Baió, Fodé Baldé e Fodé Embaló...
"-A menina traz a carinha cheia de impíngies... há que lhe pôr penincilina..."
Dizia o padre cura durante o baptizado.
"-Penincilina, não!!! Vai ficar Maria como a mãe!"
Respondeu o exasperado pai da criança...
Adequemos pois este diálogo ao ambiente tropical;
"-Bu minina ta kosal, tene cara tudu caga di mandita baga-baga... Ten qui mítê mesiñú penincilina..."
Dizia o missionário comboniano durante o baptizado.
"-Ka ta mitê penincilina nada!!! Ku mitê Fodé komú mame!"
Respondeu o exasperado pai da criança.
Tal como as Marias e os Manéis estariam para os portugueses assim os Fodés se ajustariam aos guineenses, presumindo-se pelo apelido que os bravos Fulas resultariam de ascendência
muçulmana.