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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os seus objectivos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, adormecidas... ou anestesiadas por fórmulas e conceitos preconcebidos. Embora parte dos seus artigos possam "condimenta-se" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade com libertinagem de expressão" no principio de que "a nossa liberdade termina onde começa a dos outros".(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico e por vezes corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausadamente, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas análises, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell).Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de blogues a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, o que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão com alguma delas... mas somente o enriquecimento com a sua abertura e análise às diferenciadas ideias e opiniões, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais e válidos para todos nós, dando especial atenção aos "nossos" blogues autóctones. Uma acutilância daqui, uma ironia dali e uma dica do além... Ligue o som e passe por bons e espirituosos momentos...

terça-feira, 19 de julho de 2016

ANDAR AOS POKÉMONS



ANDAR AOS POKÉMONS

   
Está aberta a caça ao Pokémon!
Tal como as demais, também esta moda será passageira e efémera, uma vez que daqui a alguns anitos e depois de biliões de Pokémons enclausurados nas pokébolas e de milhares de cabeçadas nos pokestops, depois de bastantes milhões de euros investidos em primeiras prioridades de equipamentos tecnológicos e softwares adequados ou pirateados, o Pokémon voltará a cair em desuso, indo parar ao caixote dos Gremlins, dos Furbies e dos Tamagotchis.
  
São os mais recentes brinquedos digitais, que admiravelmente não só entretêm as criancinhas como curiosamente também embalam os adultos.
Na juventude cá do Cidadão abt praticava-se o jogo do eixo, o paulito, o berlinde, o arco, a cabra cega, a macaca, a corda, e as meninas tinham as bonecas, as casinhas, os minitrens de cozinha e os mini enxovais, sendo que em comum havia a estátua fixa silenciosa, a apanhada, as escondidas e se brincava às enfermeiras a curarem meninos doentes.
 Enfim, nesse tempo nós é que fazíamos de Pokémons.
 
Queimavam-se calorias e gorduras correndo por montes e vales, jogava-se à fisga, apanhavam-se pássaros, trepava-se às árvores, fugia-se de bicicleta, gastavam-se os poucos cêntimos em mercúrio, pensos, pomada para as nódoas e por vezes ia-se até ao hospital coser as testas...
Éramos mais esbeltos, encardidos e queimados pelo sol, não sofríamos de doenças alergénicas, não comíamos pisas, psicotchikens ou hambúrgueres, nem passávamos horas intermináveis sequestrados por um processador.
Com a evolução da tecnologia, hoje em dia conseguimos trazer o processador connosco, em cima do braço, debaixo da perna, à cintura, na mão, na mouche e, em vez de prestarmos atenção aos pontos cardeais, aos ventos, ao musgos, aos riachos, aos peixinhos, aos bichos, aos pássaros, às árvores, aos carros ou aos caracóis das miúdas, trazemos a vista grudada no gadjet, ao ponto de trocarmos o ambiente real por um mundo virtual onde andamos aos Pokémons.
Numa espécie de praxe abre-olhos, no tempo de juventude cá do Cidadão abt, a malta mais divertida e bem-disposta costumava convidar os jovens inexperientes, os pata-tenras ou os maçaricos, a irem caçar gambozinos, acabando os incautos por apanhar bonés em vez dos ditos cujos, embora para os mais renitentes ou desconfiados, lhes contornássemos tanta insistência com um naco de febra de porco enrolado em algodão e, se consultarmos o dicionário do bom português, nele até encontramos a seguinte definição para “gambozino”:
"peixe ou pássaro imaginário, com que, por brincadeira, se logram os incautos mandando-os à caça ou à pesca desses animais".
Ora nem mais! 

Como os Tanakas do Império do Sol Nascente são pequeninos, finos e espertos cum’ó lume!!
Meteram o Ocidente à cata de Pokémons!
Munidos de pokébolas, hoje os mais eruditos e esclarecidos andam a apanhar Pokémons em casa, na rua, no emprego, no campo e na praia. 
Até os polícias já encontraram Pokémons infiltrados nas esquadras e surgem congestionamentos espontâneos de trânsito para não se atropelar Pokémons nas passadeiras!!!!
Há o perigo dos Pokémons se infiltrarem nos serviços de informações e inteligência mundiais ou de virem a ser recrutados para as fileiras do Estado Islâmico!
Quem não possuir um gadjet está lixado porque poderá ser surpreendido por Pokémons terroristas, razão pela qual as polícias previram essa possibilidade, treinando a detecção e apreendendo Pokémons no seio das suas pokébolas o que lhes vem conferindo alguma experiência nesta matéria! 
As pokébolas da polícia!
No futuro haverá uma Força Militar especializada na detecção e neutralização de Pókemons!
É iminente o risco que corremos com a hipotética infiltração de Pokémons no Pentágono, na Casa Branca, no Serviço Militar de Inteligência Soviético ou no gabinete do Kim Jong-un

Imaginemos que um dos Pokémons acede ao telefone vermelho dos presidentes das potências mundiais ou que consegue carregar no botão dos mísseis nucleares?
Será uma dor de cabeça para o “quelido líder” da Coreia do Norte quando lhe informarem que as suas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas estão a ser devassadas por milhares de Pokémons em fúria!
Cá o Cidadão abt está certo que Kim Jong-un daria voz de prisão e após interrogatórios e humilhações perante a assembleia popular, executaria os Pokémons, todos em série e encostados a uma parede branca!
Por exemplo, Pokémons infiltrados em porta-aviões nucleares ou na cabine de pilotagem de aviões comerciais poderão vir a constituir séria ameaça para a estabilidade mundial!
Talvez que o futuro dos países desenvolvidos assente na pokékultura e nas fileiras venham a implementar exércitos de Pokémons! 

Ou que os Pokémons resolvam constituir-se como um estado virtual?! 
O Estado Pokémon!
 
Pokémons nas tropas especiais! 

Pokémons espiões!

Pokémons nas grutas!
Pokémons por toda a parte! 

E como se neutralizará uma manif de Pokémons?

Que tal a idéia de um Pokémon como ajudante de campo do nosso Presidente da República!?
Regressando à corriqueira caça ao Pokémon, é bem provável que se esta espécie cinegética vingar, no futuro se decrete uma época de caça ao bicho, talvez antes mesmo da época de caça à perdiz, da caça ao coelho ou da batida ao javali, dinamizando um entusiasmo tal que poderão surgir relações afectivas entre o homem e o Pokémon !
Será decretada a obrigatoriedade da licença de caça ao Pokémon... e também será desaconselhada a caça em regime individual, recomendando-se a caça em grupo ao género de montarias ao Pokémon, ou pelo menos a caça aos pares, pois poderá surgir uma matilha de Pókemons em fúria e ai o pokestop estará em risco pois com as suas pokebolas jamais dará conta de tanto Pokémon!!
 
Na vertente antiterrorismo, a Policia de Segurança Pública vem recomendando que o caçador esteja atento ao ambiente que o rodeia, não vá ser emboscado por Pokémons furtivos, que o caçador faça um  prévio rastreio visual ao meio envolvente para não vir a ser surpreendido, que não cace Pokémons enquanto conduz porque os bicharocos são bastante astutos em manobras de diversão que iludem o foco do caçador para zonas periféricas e supostamente de menor risco, que o caçador não se deixe atrair para postes de iluminação, propriedades privadas ou áreas de acesso restrito, zonas militares, campos de treino, campos minados, campos de cebolas, hortas e nabais...
...poços, ravinas, promontórios, etc, pois esses locais poderão estar armadilhados pela astúcia dos bicharocos, recomendando-se também que o caçador evite entrar em diálogo com estranhos pois poderão ser Pokémons reencarnados em pessoas para assim lhes darem a volta e consequentemente cabo do couro, e que os caçadores de Pokémons tenham muito cuidado com as aplicações manhosas para lhes aprimorar o tiro das pokébolas porque poderão ser Pokémons da contra-informação contendo malwares que lhes arrasarão com os dados pessoais!
Chegou o tempo de miúdos e graúdos andarem por aí com Andróides à procura de Pokémons mas que por insuficiência económica essas aplicações não se adaptam às receitas electrónicas emitidas pelo Serviço Nacional de Saúde.
São sinais inequívocos duma civilização cada vez mais desenvolvida, esclarecida e consumida desta era em que se constroem templos de consumo bem maiores do que as catedrais, sendo que num destes dias corremos o risco de encontrarmos Pokémons alojados nas pias baptismais e nos turíbulos!

É uma questão de fé!
Agora desculpem qualquer coisinha, caros ciberleitores, pelos ruídos que cá o Cidadão abt vem ouvindo desconfia que terá um Pokémon escondido algures nos confins do frigorífico...
- GO! GO! GO!

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O IMBRÓGLIO




O IMBRÓGLIO

 Poder-se-ia intitular este post de “o relativismo absoluto” mas como o assunto é um imbróglio, ficou mesmo a ser “O imbróglio” do relativismo absoluto.

Dois meses volvidos sobre a abertura da ponte rodoviária que une as margens entre o Rossio ao Sul do Tejo e Abrantes, e após um primeiro post dissertivo no que concerne a circulação pedonal onde cá o Cidadão abt se fez substituir às verificações municipais indo ao tabuleiro certificar-se das medidas e dos espaços inter obstáculos, assim como alguns outros concidadãos mais atentos se debruçaram sobre o assunto e a bom tempo comodamente aproveitando as fotos e os bonecos deste blogue, vai daí, depois de serem um bocado pressionados pelas forças vivas do concelho porque isto por aqui só anda a toque de forças vivas, os administrativos eleitos resolveram questionar a “dona” da obra sobre a praticabilidade desta ponte em termos de mobilidades humanas, mobilidades reduzidas e seus afins.

Como resposta, que também foi publicada no semanário regional “O Mirante”, a Infraestruturas de Portugal desconfirmou as suposições dos utentes chatos, alegando que as dimensões são as contempladas na regulamentação da matéria, pelo que aqui se transcreve parte desse texto:

"possui espaço livre bastante de modo a permitir a passagem de cadeiras de rodas, cumprindo com o estipulado na legislação"
“a largura mínima absoluta dos acessos para utilização por pessoas com mobilidade condicionada são 80 centímetros,  precisamente a largura que existe no passeio do lado poente”
"Os passeios da ponte têm 0,60 metros livres do lado poente e 0,80 no lado nascente".

E DECLAROU MAIS:

"a implementação de passeios com larguras superiores implicaria alterações substanciais na estrutura da ponte metálica e de elevada complexidade técnica, requerendo por isso uma intervenção mais profunda, temporalmente mais demorada".

E AINDA MAIS!

"elevados encargos financeiros e para a mobilidade na região na execução da obra"

Esta última é pura demagogia barata e prosápia para patego ler!
Quando foram alargadas as laterais do tabuleiro, seria questão de lhe conceder mais uns trinta centímetros e a largura útil da faixa de rodagem também poderia ter menos alguns centímetros. 

Quanto aos postes de iluminação, foi omissa a possibilidade da sua relocalização que não implicaria despesas suplementares na obra mas tão sómente cravar as cavilhas no enfiamento do gradeamento de protecção, a não ser que os engenheiros da obra cobrassem balúrdios para alterar esse pormenor no projecto inicial, mesmo estando fora dos normativos.

Para que não restassem dúvidas, cá o Cidadão abt pegou num seu concidadão de mobilidade reduzida e na respectiva cadeira de rodas, pegou numa fita métrica e meteu-se ao caminho, tendo em conta que a cadeira de rodas é um modelo low cost, simples e baratinho, desprovido de motor, auto-rádio, máquina de café, ar condicionado, jantes especiais de liga leve ou outros extras, enfim, uma cadeira das pequenininhas, estreitinhas e maneirinhas...
Atenção que os adereços não fazem parte da obra de arte!
Como resultado da prospecção feita por este contribuinte, no lado nascente foram medidos setenta centímetros de vão entre as sapatas dos pilares do rail e a aresta em alvenaria confinante à grade de protecção.

Tal como a foto documenta, ao fazendo por aí passar a tal cadeira elementar com o utente de mobilidade reduzida, os pneus das rodas traseiras, os castores (rodinhas directrizes) e os patins (apoios dos pés) embatem nos vincos metálicos, afectando directamente a sua estabilidade enquanto os aros de impulso manual encaixados nas laterais das rodas passam por cima dos obstáculos arquitectónicos ao ponto do utilizador se arriscar em danificar as norças dos dedos nos pilares metálicos do rail ou no gradeamento da obra d’arte... 
Não sabe cá o Cidadão como foi que este adereço aqui veio parar...
Portanto, meus caros, os tais oitenta centímetros livres referidos a nascente são uma falácia porquanto correspondem à distância entre o gradeamento de protecção e o pilar do rail propriamente dito!!
 
Em espaço tão restrito e numa extensão de trezentos e sessenta metros de rails contínuos, fica cá o Cidadão abt sem entender como se efectuará o cruzamento entre um pedestrante e um rodinhas...
Será que o pedestrante salta por cima do rodinhas ou o rodinhas passará por baixo do pedestrante?

Resta a hipótese do pedestrante transpor o rail de protecção, desviando-se pela faixa de rodagem...

Suponhamos que dois rodinhas se encontram a meio do trajecto...
Como não há espaço de manobra para que se virem as cadeiras em sentido inverso, um deles irá recuando até alcançar a entrada da ponte?

Outra hipótese é a de haver o cruzamento entre um rodinhas e um carrinho de bebé, ou por exemplo, o confronto entre um cadeirante e um idoso...

Há uma solução...

Os semáforos!
Relembra cá o Cidadão que os adereços não pertencem à obra de arte!
Vamos agora para o beirado de poente. 

Disse a Estruturas de Portugal que aí existem sessenta centímetros de vão livre... o que é falso!
 O Cidadão volta a avisar que os modelos não fazem parte da estrutura da ponte!
Se esticarmos a fita métrica junto ao solo, entre a base dos postes de iluminação e a saliência correspondente ao rebordo de alvenaria junto à sapata do gradeamento... são exactamente cinquenta e cinco centímetros.
O Cidadão adverte que os modelos não pertencem à obra de arte!
Há uma explicação para estas discrepâncias de medidas.
Pode acontecer que as fitas métricas da Infraestruturas de Portugal tenham sido adquiridas na loja do chinês ou, vencido o seu de validade, mirrem sob a acção dos raios solares UV.

Uma solução passará pelo recurso a binóculos onde os utentes antes de atravessarem a ponte se certificarão sobre a situação pedonal na outra extremidade.
Aqui, a Infraestruturas de Portugal ou o município de Abrantes poderão explorar um nicho de mercado no que concerne à instalação de binóculos fixos nas entradas do tabuleiro, que mediante a introdução de uns cêntimos na respectiva ranhura permitirá aos utentes visualizar a situação pedonal na outra margem... para assim darem ou não, início à travessia.
Como verão os expert’s, ideias não nos faltam!
Falta é a vontade de as concretizar!